Saiu no Opera Mundi
Como noticiado por Opera Mundi, menores são mantidos em "gaiolas" na
divisa com o México; congressistas querem que jovens tenham direito a
advogado
A situação de crianças e adolescentes que chegam sozinhas aos Estados
Unidos e são mantidas em “gaiolas” fez com que congressistas
norte-americanos criassem um projeto de lei para garantir a assistência
legal de um advogado durante o processo de deportação. Além disso, o
secretário de Segurança Nacional do país, Jeh Johnson, informou nesta
terça-feira (24/06) que enviará mais agentes para a fronteira com o
México para “ajudar a manejar o fluxo crescente de jovens que ali
chegam”.
Manifestação realizada hoje diante da embaixada de Honduras pede que governo se responsabilize por imigrantes
Johnson negou a existência de algum tipo de permissão para que os
menores possam permanecer nos EUA. Diante do Comitê de Segurança
Nacional da Câmara de Representantes, ele contradisse o que chamou de
“campanha de desinformação” feita por organizações de tráfico de
pessoas, segundo a qual haveria algum tipo de anistia para as crianças.
Desde o início desta crise humanitária o governo norte-americano tem
reafirmado que a maioria dessas crianças será deportada. Neste sentido,
Johnson afirmou que os menores que cruzarem a fronteira sozinhos não
serão beneficiados pela reforma migratória.
De acordo com o funcionário norte-americano, serão enviados mais 300
agentes para a fronteira. No último ano, foram encontrados mais de 24
mil crianças sem acompanhantes na região. A expectativa é que este
número chegue a 52 mil em 2014. “Estamos falando de uma grande
quantidade de crianças sem seus pais, que chegam à nossa fronteira com
fome, sede, exaustos, assustados e vulneráveis. Como tratamos as
crianças, em particular, é um reflexo de nossas leis e nossos valores”,
disse Johnson.
Agência Efe

A foto foi tirada por Henry Cuellar através de seu telefone celular
Direito à defesa
O projeto de lei apresentado ontem tem como objetivo evitar que esses
menores compareçam diante de um juiz de imigração “sem saber como usar
nosso sistema de imigração, um sistema que confunde até mesmo adultos
licenciados em direito. A luta entre Tio Sam e uma criança pequena não é
justa”, disse a congressista por Nova York, Hakeem Jeffries.
A maior parte destas crianças é de Honduras, Guatemala e El Salvador.
Em busca dos pais, fogem da pobreza e violência. Devido a uma lei de
2002, eles podem frequentar escolas públicas e trabalhar no país sem
consequências até o desenrolar do processo de deportação.
Somente uma pequena parte, no entanto, é deportada. Dos 90 mil detidos
no último ano, apenas dois mil foram enviados de volta a seus países de
origem. Atualmente, o sistema de tribunais de imigração tem cerca de 30
mil casos pendentes.
Em um comunicado de 19 de junho, a Casa Branca afirmou que “EUA e México podem colaborar no trabalho conjunto para devolver as crianças com segurança para suas famílias e construir a capacidade centro-americana para receber os indivíduos deportados”.
A presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado mexicano,
Angélica de la Peña, considera, no entanto, que a prática não é adequada
uma vez que os jovens deportados são alvo fáceis de organizações
criminosas e redes de tráfico de pessoas que atuam na região de
fronteira.
Agência Efe
Mulheres e crianças no centro de detenção; Texas pediu US$ 30 mi ao
Departamento de Estado para conter crise na fronteira
Tratamento desumano
No começo do mês, o congressista democrata, Henry Cuellar, divulgou
imagens de crianças mexicanas e centro-americanas presas em “gaiolas”,
chamadas de refúgios temporários pelas autoridades norte-americanas, em
um centro de detenção no Texas.
Para “atender” à crescente demanda, o governo norte-americano planeja
converter um armazém de 5.109 metros quadrados no sul do México em um
centro para crianças, como reportou a agência The Associated Press.
O material obtido pela agência revela que o centro seria composto por
nódulos rodeados de cercas dentro de um armazém de aço que poderia
abrigar mil menores. O Departamento de Segurança Interior
norte-americano não comentou a informação.
Drama dos imigrantes
Diante de uma comissão no Senado mexicano, imigrantes salvadorenhos,
hondurenhos, guatemaltecos e nicaraguenses contaram suas histórias de
dor e sofrimento ao tentarem cruzar a fronteira. A demanda generalizada
foi “queremos segurança humana. Tratamento digno, não somos animais”.
Os imigrantes entregaram hoje uma carta a diplomatas de Honduras,
Guatemala, Nicarágua e El Salvador onde pedem intervenção urgente dos
governos que devem “assumir sua responsabilidade” para atender e
solucionar os múltiplos “abusos” de que são vítimas os imigrantes sem
documentos , ao invés de “manter a atitude omissa que estão tendo até
agora”.