terça-feira, 16 de junho de 2015

Polícia nos EUA lucra milhões confiscando dinheiro de inocentes, diz relatório

Saiu no BBC


Segundo relatório, milhões de dólares foram confiscados de pessoas que nunca foram condenadas e que, normalmente, vivia nos bairros mais pobres da Filadélfia
Um relatório da organização de direitos civis União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês) acusa a cidade da Filadélfia, no Estado da Pensilvânia, de confiscar milhões de dólares de pessoas que nunca foram condenadas ou, muitas vezes, nem mesmo acusadas de qualquer crime.

Segundo o documento, a quantia que policiais e promotores confiscam de moradores inocentes ultrapassa US$ 1 milhão por ano. Esse cálculo leva em conta somente dinheiro vivo, não inclui imóveis ou outros bens apreendidos.

As ações na Filadélfia, assim como no resto dos Estados Unidos, têm como base leis de combate ao tráfico de drogas que permitem a policiais e promotores confiscar e manter bens e propriedades que suspeitem ter relação com algum crime. Essas leis foram criadas a partir dos anos 1980 para atingir grandes traficantes.

Mas segundo a ACLU e outras organizações de defesa de direitos civis, elas muitas vezes são usadas contra cidadãos inocentes e como fonte de renda para as agências do governo responsáveis por colocá-las em prática.

Diversos casos recentes de confiscos promovidos por órgãos locais, estaduais ou federais ganharam manchetes nos Estados Unidos.

Em Michigan, duas fornecedoras de maconha medicinal (legal naquele Estado) disseram em testemunho diante de deputados que suas casas foram invadidas por policiais mascarados e armados, que levaram todos os seus bens, incluindo cortador de grama, bicicleta e US$ 90 que a filha de uma delas havia recebido de presente de aniversário.

Na Carolina do Norte, o dono de uma loja de conveniências em uma área rural teve todo o dinheiro em sua conta bancária – US$ 107,7 mil – confiscado porque o governo federal desconfiou dos depósitos em dinheiro vivo que ele fazia, mesmo sem qualquer indicação de ação criminal.

Um passageiro de um trem com destino a Los Angeles teve todas as suas economias (US$ 16 mil) apreendidas por um policial que desconfiou da quantia – que seria usada para abrir uma empresa de vídeos.

Segundo reportagem do jornal The Washington Post com dados federais, desde 2001 a polícia confiscou US$ 2,5 bilhões em dinheiro de pessoas nunca condenadas por qualquer crime.

Filadélfia

O relatório da ACLU, divulgado neste mês, analisa com base em documentos e entrevistas uma amostra aleatória de 350 casos de confisco de dinheiro vivo na Filadélfia entre 2011 e 2013.

Ele estima que, nesse período, metade de todos os casos de confisco de dinheiro vivo envolveu somas menores de US$ 192, valor muito aquém do movimentado por líderes do tráfico ou do comum nesse tipo de ação.

O Departamento de Justiça, por exemplo, estabelece que, em ações levadas adiante pelo governo federal, a quantia mínima em dinheiro vivo sujeita a confisco é de US$ 5 mil, ou US$ 1 mil caso haja acusação criminal.

Segundo o relatório, 8% dos casos de confisco na Filadélfia não envolveram acusação criminal e 23% envolveram acusações que não resultaram em condenação.

"Longe de perseguir os ganhos ilícitos de traficantes condenados, o gabinete do procurador da Filadélfia (órgão equivalente ao Ministério Público Estadual) confisca mais de US$ 1 milhão em dinheiro vivo por ano de cerca de 1,5 mil pessoas que não foram condenadas por nenhum crime", diz a ACLU.


O procurador da Filadélfia, Seth Williams, disse em um comunicado que a ACLU agiu "cínica e falsamente" e rejeitou as acusações

A ACLU critica ainda o fato de a maior parte do dinheiro confiscado ir direto para os cofres desse mesmo órgão, ele próprio responsável pelo processo de confiscos. Segundo o documento, "são cerca de US$ 2,2 milhões, ou 7% de seu orçamento."

"Como resultado, essas agências têm um forte incentivo financeiro para conseguirem o maior número de confiscos possível", diz o relatório. "Evidências preocupantes sugerem que os ganhos e os amplos poderes oferecidos pelas leis de confisco distorceram uma ferramenta originalmente destinada a carteis e traficantes."

O relatório também sugere que a população negra é penalizada desproporcionalmente. Apesar de representarem 44% dos moradores da cidade, os negros responderam por 63% dos casos de confisco no período analisado, e 71% dos casos em que não houve condenação.

Ação civil

O procurador da Filadélfia, Seth Williams, disse em um comunicado que a ACLU agiu "cínica e falsamente" e rejeitou as alegações contidas no relatório.

"Confisco não é um processo criminal. É uma ação civil, como qualquer caso em que alguém é processado por causar danos a uma pessoa ou propriedade. Se o autor do dano perde a ação, ele é tão 'inocente' quanto o motorista imprudente que bate no seu carro", diz Williams.

"Se o autor é trazido diante de um tribunal em uma ação civil e não convence o juiz, concorda que estava errado ou simplesmente não comparece, ele é responsável, e haverá uma penalidade civil", afirma.

Williams diz ainda que seu gabinete está constantemente preocupado em aumentar as garantias para proprietários de bens.

"Mas, ao contrário da ACLU, nós não estamos dispostos a ignorar a parte verdadeiramente inocente aqui: os residentes desfavorecidos de vizinhanças tomadas pelas drogas. Eles merecem a mesma proteção da lei e têm o direito de esperar que o sistema de Justiça feche pontos de drogas e tire armas e dinheiro das mãos de criminosos."

Processo difícil

Especialistas afirmam que é muito difícil reaver dinheiro ou bens confiscados, mesmo quando a pessoa é inocente. Como as leis de confisco são civis, não é necessária condenação nem acusação criminal.


Dados federais mostraram que desde 2001 a polícia confiscou US$ 2,5 bilhões em dinheiro de pessoas nunca condenadas por qualquer crime

"Pelas leis de confisco civil, é dos proprietários o ônus de ir à Justiça e gastar um ano ou mais tentando provar sua inocência e ganhar seu dinheiro de volta", diz o advogado Larry Salzmann, do grupo de direitos civis Institute for Justice, que publicou recentemente um relatório sobre confiscos feitos pelo Internal Revenue Service (órgão equivalente à Receita Federal).

Para a ACLU, "a lei é enraizada em uma contradição básica: que o governo pode confiscar propriedade relacionada a um crime sem provar que o proprietário é culpado".
"Como são tecnicamente procedimentos contra propriedade, não pessoas, os proprietários não têm as mesmas proteções constitucionais que receberiam se fossem réus acusados de um crime", diz a organização.

No caso em que as quantias confiscadas são baixas, como os revelados no relatório da ACLU, a chance de reaver o dinheiro é ainda menor, já que os custos com advogados, procedimentos judiciais e horas perdidas de trabalho superam em muito o valor apreendido.

Diante das crescentes críticas, o governo federal e vários Estados estão analisando reformas em suas leis de confisco. Na Pensilvânia, um projeto em discussão estabelece que só é possível confiscar propriedades permanentemente em casos em que há condenação por algum crime.

Segundo a ACLU, uma reforma importante seria garantir que dinheiro e bens confiscados sejam encaminhados para um fundo estadual ou local e então distribuídos pelo processo normal de orçamento, "em vez de cair diretamente nos cofres das agências responsáveis por executar os confiscos".

'Inacreditável', diz brasileiro que mora em prédio onde varanda caiu nos EUA

Saiu no G1
16/06/2015 16h10 - Atualizado em 16/06/2015 18h37

Diogo Junqueira conta que foi acordado por helicóptero no início da manhã.

Seis pessoas morreram em razão do desabamento na varanda.

edifício Berkeley Califórnia desabamento varanda  (Foto: Diogo Junqueira / Arquivo Pessoal)

Área do acidente foi isolada pelas autoridades em Berkeley (Foto: Diogo Junqueira / Arquivo Pessoal)


A manhã desta terça-feira (16) começou agitada para Diogo Junqueira. O advogado gaúcho, que está há um mês em Berkeley, na Califórnia, mora no conjunto de prédios onde uma varanda desabou e vitimou seis pessoas nesta madrugada. Após uma longa noite de estudos, teve seu sono interrompido no início da manhã pelo barulho de helicóptero e de conversas. Ao falar com o americano com o qual divide apartamento, foi informado sobre o acidente.
Diogo Conter Junqueira Berkeley Califórnia (Foto: Arquivo Pessoal)Diogo mora na Califórnia (Foto: Arquivo Pessoal)
"No início da madrugada, ouvi uns barulhos de sirene, mas isso é algo normal nos Estados Unidos. Queria acordar às 6h hoje para estudar, mas acordei mais cedo em razão do helicóptero e do pessoal lá embaixo. Perguntei para o meu colega de quarto o que estava ocorrendo, ele mostrou a televisão e falou sobre o desabamento. É inacreditável, mas estou bem, graças a Deus", disse o gaúcho em entrevista por telefone ao G1 durante o intervalo da aula.
Junqueira estuda na Faculdade de Direito de Berkeley. A cidade, que fica distante 16km de San Francisco, é conhecida pela universidade. O jovem ficará lá por três meses em 2015 e outros três no ano que vem para completar o curso de pós-graduação.
Para evitar que seus amigos e parentes tomassem um susto, tratou de avisá-los em seus grupos de conversas pelo celular.
Além dos seis mortos, a queda da varanda ainda deixou oito pessoas feridas, de acordo com a polícia e o Ministério das Relações Exteriores da Irlanda, já que as vítimas seriam do país europeu.
"Parece um acidente trágico", declarou Charlie Flanagan, ministro irlandês das Relações Exteriores, ao canal público RTE. "A polícia informou que não parece que há vítimas de outras nacionalidades. São irlandeses e a maioria estudantes", completou.
As causas do desabamento ainda são desconhecidas. A varanda ficava no último piso de um edifício de três andares.
Inicialmente, foi informado que quatro vítimas morreram na queda e outra no hospital. A sexta vítima morreu na manhã desta terça, segundo o jornal "San Francisco Chronicle".
A varanda ficava no último piso de um edifício de três andares em Berkeley, na Califórnia (Foto: Noah Berger/AP)A varanda ficava no último piso de um edifício de três andares em Berkeley (Foto: Noah Berger/AP)

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Greve de pilotos afeta metade dos voos de longa distância da Lufthansa

Saiu no G1

Reuters 04/12/2014 08h13 - Atualizado em 04/12/2014 08h46

Sindicato quer manter aposentadoria de pilotos aos 55 anos.
Empresa cancelou 37 voos de longa distância e seis voos de carga.

Da Reuters
Aviões da alemã Lufthansa estacionados no aeroporto de Munique no dia 1º de dezembro (Foto: Michael Dalder/Reuters) 
Aviões da alemã Lufthansa estacionados no aeroporto de Munique no dia 1º de dezembro (Foto: Michael Dalder/Reuters)
 
Pilotos da Lufthansa iniciaram nesta quinta-feira (4) sua segunda greve nesta semana, cancelando cerca de metade dos voos de longa distância programados pela principal companhia aérea da Alemanha, em meio a uma longa disputa sobre um esquema de aposentadoria antecipada. No Brasil, no entanto, os voos que partem da Alemanha para o país ou daqui para lá não foram afetados, segundo a assessoria de imprensa da companhia.

O sindicato dos pilotos Vereinigung Cockpit (VC), que representa cerca de 5.400 pilotos da Lufthansa, está lutando para manter inalterado um esquema que permite que pilotos se aposentem com 55 anos e ainda recebam até 60% de seu salário antes que os pagamentos regulares da aposentadoria comecem aos 65 anos.

A Lufthansa disse que não aceitará a demanda de que novos pilotos, assim como os que já trabalham com a companhia, possam se aposentar com 55 anos.

A empresa ofereceu mediação ao VC com a esperança de resolver a disputa a tempo para a movimentada temporada de Natal.
A greve, com alcance nacional na Alemanha e a 10ª neste ano, forçou a Lufthansa a cancelar 37 voos de longa distância e seis voos de carga.

Rotas domésticas e europeias, assim como voos de unidades da Lufthansa como a Germanwings, Austrian Airlines e SWISS não foram afetados. De acordo com o site da companhia aérea, os passageiros podem mudar ou cancelar seus voos sem pagar taxas. Veja aqui a lista de voos cancelados.

O conselho da Lufthansa aprovou na quarta-feira (4) planos para expandir suas operações de baixo custo, conforme a companhia luta para competir com empresas de baixo custo como Ryanair e easyJet.